A natureza ainda pulsa: Queimadas

Ao longo da história da humanidade, o fogo foi visto, em algumas culturas, como um elemento de destruição e purificação. Ele devastou cidades, plantações e até vidas humanas, especialmente em períodos como a Inquisição religiosa. No entanto, com o avanço do conhecimento, compreendemos que o fogo não é apenas um agente destrutivo ou purificador, mas um fenômeno de papel paradoxal na natureza: ele tanto destrói quanto renova.

Muitos ecossistemas, como as savanas e algumas florestas, dependem dos incêndios naturais para manter seu equilíbrio. O fogo elimina a vegetação morta, recicla nutrientes no solo e cria espaço para o surgimento de novas plantas. Algumas sementes, como as de certas espécies de pinheiros, só germinam após a exposição ao calor intenso.

Por outro lado, incêndios descontrolados, principalmente aqueles causados pela ação humana, podem ser devastadores, destruindo biodiversidade e alterando o clima local. O impacto do fogo depende do equilíbrio natural e da forma como ele é inserido nesse ciclo.

O que causa as Queimas

As queimadas no Brasil podem ter diversas causas, sejam elas naturais, como uma queda de raio, ou acidental em alguns casos e ações humanas. Entre as práticas agrícolas, é comum que camponeses utilizem o fogo para limpar áreas destinadas ao plantio de culturas ou à formação de pastagens para a criação de gado e outros animais. Nesse contexto, as queimadas podem facilitar o trabalho árduo da agricultura e da pecuária.

Sob uma perspectiva produtiva, o uso controlado do fogo pode contribuir para a produção de alimentos que abastecem milhões de pessoas no Brasil e no mundo. No entanto, nem sempre essa prática ocorre de maneira legal ou responsável, o que pode gerar sérios impactos ambientais. Quando realizadas sem controle adequado, as queimadas comprometem a biodiversidade, afetam a qualidade do solo e do ar e prejudicam todo o ecossistema.

Biomas que mais sofrem com as queimadas

 A Floresta Amazônica tem sofrido perdas significativas devido a incêndios florestais nos últimos anos. Entre 2012 e 2022, aproximadamente 62 milhões de hectares foram afetados pelo fogo na Amazônia

Em 2024, os incêndios florestais atingiram 6,7 milhões de hectares na Amazônia entre janeiro e outubro, uma área mais de dez vezes superior à taxa de desmatamento registrada no mesmo período.

Além disso, entre 2001 e 2020, pelo menos 120 milhões de hectares de florestas amazônicas foram afetados pelo fogo, correspondendo a 14% do bioma. Em média, 17 milhões de hectares de florestas são danificados por incêndios anualmente.

Esses incêndios resultam em perda de biodiversidade, emissão de gases de efeito estufa e comprometimento dos serviços ecossistêmicos fornecidos pela floresta.

Brasília (DF), 24/08/2024 – Brigadistas do Instituto Brasília Ambiental e Bombeiros do Distrito Federal combatem incêndio em área de cerrado próxima ao aeroporto de Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Pantanal, reconhecido como a maior planície alagável do mundo, tem enfrentado incêndios florestais de grande magnitude nos últimos anos. Em 2024, os incêndios no Pantanal superaram os registrados no mesmo período de 2020, ano que até então detinha o recorde de queimadas. Nos primeiros seis meses de 2024, a área queimada foi quase quatro vezes maior que o território da cidade de São Paulo.

As principais causas dessas queimadas estão relacionadas às atividades humanas, especialmente à agropecuária. A abertura de novas áreas para plantio e criação de animais frequentemente utiliza o fogo como método de limpeza após o desmatamento. Estima-se que mais de 80% das queimadas no Pantanal sejam provocadas por ações humanas.

Condições climáticas adversas, como secas severas, também contribuem para a propagação dos incêndios. Embora o Pantanal seja um bioma adaptado ao fogo, a intensidade e frequência atuais das queimadas ultrapassam a capacidade natural de regeneração do ecossistema.

As consequências desses incêndios são devastadoras, incluindo a perda de biodiversidade, emissão de gases de efeito estufa e impactos socioeconômicos significativos. Em 2024, os prejuízos e os custos das ações de combate aos incêndios no Pantanal ultrapassaram R$ 204,8 milhões. É crucial implementar medidas de prevenção e controle, além de políticas públicas eficazes, para mitigar os impactos das queimadas e garantir a preservação do Pantanal.

O Cerrado, reconhecido como a savana mais biodiversa do mundo, tem enfrentado um aumento significativo nas queimadas nos últimos anos. Em 2024, o bioma registrou 54.298 focos de incêndio até a primeira quinzena de setembro, superando o total de 50.713 focos contabilizados em todo o ano de 2023.

As queimadas no Cerrado podem ter origens naturais, como descargas elétricas e combustão espontânea. No entanto, a maioria é resultado de atividades humanas, especialmente relacionadas à agropecuária, onde o fogo é utilizado para limpar áreas destinadas ao plantio e pastagem. Fatores climáticos, como temperaturas elevadas, baixa umidade e longos períodos de seca, também contribuem para a propagação dos incêndios.

Embora o Cerrado possua mecanismos naturais de adaptação ao fogo, a intensidade e frequência atuais das queimadas ultrapassam a capacidade de regeneração do bioma. Consequentemente, há uma redução na biodiversidade, emissão de gases de efeito estufa e comprometimento dos recursos hídricos, já que o Cerrado é fundamental para a recarga de aquíferos e nascentes de importantes bacias hidrográficas brasileiras.

É essencial implementar políticas públicas eficazes e práticas sustentáveis para prevenir e controlar as queimadas, garantindo a preservação deste bioma vital para o equilíbrio ambiental do país.

A Mata Atlântica já perdeu uma grande parte de sua cobertura original devido a desmatamento e queimadas. Estima-se que, ao longo dos séculos, cerca de 93% da Mata Atlântica original foi destruída. Isso inclui tanto a degradação por ações humanas, como desmatamento para expansão agrícola e urbana, quanto por queimadas e incêndios.

O impacto das queimadas é significativo, mas, em termos de área perdida exclusivamente por fogo, é mais difícil calcular um número preciso, já que muitas vezes as queimadas estão ligadas a atividades ilegais de desmatamento e muitas áreas queimadas podem ser recuperadas de forma lenta ao longo do tempo. Porém, dados de incêndios florestais variam a cada ano, dependendo das condições climáticas e das ações de fiscalização.

No entanto, o desmatamento contínuo e as queimadas nas regiões remanescentes são uma ameaça constante, com áreas de difícil acesso ou de proteção insuficiente sofrendo mais com o fogo.

A área de vegetação nativa remanescente da Mata Atlântica é de aproximadamente 12% a 15% do seu tamanho original. Esses fragmentos, embora menores, ainda abrigam uma grande diversidade de espécies endêmicas e são cruciais para a manutenção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos.

Em relação ao controle de queimadas, o monitoramento tem se intensificado nos últimos anos, com tecnologias de satélites, por exemplo, mas ainda há muito a ser feito para preservar esse bioma.

Impactos Ambientais

As queimadas têm diversos impactos ambientais, geralmente são negativos ou, em alguns casos, naturais e benéficos para certos ecossistemas. Aqui estão os principais efeitos:

Perda da Biodiversidade

  1. A morte de animais e a destruição de habitats podem levar ao desequilíbrio ecológico.
  2. Algumas espécies não conseguem fugir do fogo, resultando em extinção local.

Desertificação e Erosão do Solo

  1. O fogo remove a cobertura vegetal, deixando o solo mais vulnerável à erosão pelo vento e pela chuva.
  2. A fertilidade do solo pode ser reduzida devido à destruição da matéria orgânica.

Poluição do Ar e Problemas de Saúde

  1. A fumaça libera gases como CO₂, monóxido de carbono e material particulado, afetando a qualidade do ar.
  2. Pode causar doenças respiratórias em humanos e animais.

Aumento do Efeito Estufa e Mudanças Climáticas

  1. O CO₂ e outros gases liberados contribuem para o aquecimento global.
  2. Queimadas frequentes em florestas tropicais reduzem a capacidade da Terra de absorver carbono.

Alteração no Regime de Chuvas

  1. A destruição de grandes áreas vegetais pode afetar o ciclo hidrológico, reduzindo a umidade e alterando padrões climáticos.
  2. A queima da matéria orgânica libera nutrientes no solo, favorecendo novas plantas.

Conclusão

Em uma inquisição não religiosa, mas criminal, quase todos os casos de incêndios em vários estados do Brasil, como as queimadas e incêndios criminosos, têm comprometido gravemente os ecossistemas brasileiros. Como a história nos ensina, devido à falta de conhecimento, brutalidade e preconceito alimentados por rituais baseados em crenças distorcidas, muitos inocentes foram sacrificados pelo fogo. Hoje, embora a religião não seja mais o foco, os inquisidores não vestem batina, mas sim terno e gravata. E é justamente por causa do fogo que hoje muitas partes dos ecossistemas, e até seres humanos inocentes, estão perdendo suas vidas. Assim como na Idade Média, a falta de conhecimento e a ganância são as causas principais das queimadas, que hoje se transformam em doenças quase incuráveis. A situação atual é extremamente preocupante. Os órgãos governamentais falam muito, mas fazem pouco. Cada um joga a responsabilidade para o outro, sem assumir a culpa pelos inocentes mortos — representados por árvores, animais, solo e água. Um antigo

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Elizete
Elizete
3 meses atrás

É muito bom saber o motivo das queimadas,com mais detalhes,o q agente estuda no colegio,não da pra entender muita coisa.e aqui é bem detalhada e muito instrutiva