Abaixo o preconceito Animal: Cobra-cega

Em muitas regiões do Brasil, é comum que as pessoas se deparem com uma cobra-cega, também conhecida como cobra-de-duas-cabeças. Na natureza, existem inúmeros animais que, devido ao seu habitat, perderam a capacidade de enxergar ou sequer desenvolveram olhos. Muitos desses vivem no solo, como as minhocas e algumas espécies de répteis, além de mamíferos, como as toupeiras, que possuem olhos, mas enxergam muito pouco. Isso evidencia a incrível capacidade de adaptação das diferentes espécies ao ambiente em que vivem.

Em fazendas com grandes plantações, quintais, jardins bem cuidados, cemitérios e até em locais com muita areia, lá estão as cobras-cegas. Nesses mesmos lugares, também estão os seres humanos, capinando mato, escavando terrenos para construção ou mexendo no jardim de casa.

Muitas vezes, ao cavar, as pessoas se deparam com esse curioso animal ou simplesmente o veem rastejando em busca de um local para se enterrar e voltar ao subsolo. No entanto, por falta de conhecimento, ele acaba sendo morto por se parecer com uma cobra. Mas, na verdade, esse pequeno habitante do solo não tem nada de serpente.

E o que são na verdade?

As cobras-cegas são répteis pertencentes à ordem Amphisbaenia, um grupo de animais que se assemelham a serpentes, mas na verdade são anfisbenídeos, um tipo de lagarto especializado. Apesar do nome, elas não são cobras de verdade.

Características das cobras-cegas:

  • Corpo alongado e cilíndrico, semelhante a uma minhoca ou serpente.
  • Ausência ou redução de olhos, que são pequenos e cobertos por pele, devido ao seu hábito subterrâneo.
  • Pele segmentada em anéis, o que lhes dá uma aparência de minhoca gigante.
  • Fossoriais, ou seja, vivem enterradas, cavando túneis no solo.
  • Cabeça arredondada ou em forma de pá, adaptada para escavação.
  • Alimentação carnívora, se alimentam de insetos, larvas e pequenos invertebrados.

Diferenciação entre cobras-cegas e serpentes:

  • As cobras-cegas possuem escamas diferentes das serpentes, além de um crânio mais robusto adaptado para cavar.
  • Algumas espécies possuem um pequeno vestígio de patas, o que as diferencia ainda mais das cobras verdadeiras.

No Brasil, a espécie mais conhecida é a Amphisbaena alba, que pode ser encontrada em diversas regiões.

Por que existe preconceito com esse animal?

Seria o mesmo tipo de preconceito atrelados a serpentes e cobras. Perigosas por ter veneno e de serem agressivas e atacarem qualquer um. Por se  parecer com serpentes elas são mortas e estigmatizada por ser perigosas. Esses animais são inofensivos, alimentam-se de insetos e pequenos invertebrados e são possuem peçonha alguma e também não tem duas cabeças.

Consequências desse preconceito

Se as cobras-cegas deixassem de existir, haveria impactos negativos nos ecossistemas, principalmente relacionados ao solo, cadeia alimentar e controle de pragas. Aqui estão algumas das principais consequências:

 Degradação do solo

  • Como ajudam a aerar e estruturar o solo ao escavar túneis, sua ausência poderia levar a um solo mais compactado, dificultando a absorção de água e nutrientes.
  • Isso afetaria o crescimento das plantas e poderia prejudicar a agricultura e os ecossistemas naturais.

 Aumento de pragas

  • As cobras-cegas se alimentam de cupins, larvas, formigas e outros invertebrados. Sem elas, essas populações poderiam crescer descontroladamente.
  • Isso poderia causar danos às plantações, florestas e até estruturas humanas, como casas e postes atacados por cupins.Impacto na cadeia alimentar
  • Muitos animais, como aves, mamíferos e serpentes, se alimentam das cobras-cegas. Sem elas, esses predadores teriam menos alimento disponível.
  • Isso poderia gerar um efeito cascata, levando à redução de algumas espécies e ao desequilíbrio ecológico.

 Indicador ambiental perdido

  • As cobras-cegas são sensíveis às mudanças ambientais, funcionando como bioindicadores da saúde do solo.
  • Sem elas, perderíamos um sinal importante de degradação ambiental e de problemas no ecossistema subterrâneo.

A extinção das cobras-cegas, embora pouco percebida, teria efeitos silenciosos, mas significativos, prejudicando a biodiversidade, a qualidade do solo e o equilíbrio das cadeias alimentares.

Importância Ecológica  

As cobras-cegas desempenham um papel ecológico fundamental nos ecossistemas onde vivem. Sua importância está relacionada à manutenção do equilíbrio do solo e ao controle de populações de invertebrados. Aqui estão algumas de suas principais funções ecológicas:

Aeração e estruturação do solo

  • Como são animais fossoriais (vivem escavando túneis), ajudam a oxigenar o solo, facilitando a infiltração de água e nutrientes.
  • A movimentação delas melhora a estrutura do solo, tornando-o mais fértil para o crescimento de plantas.

Controle de populações de invertebrados

  • As cobras-cegas são predadoras de insetos, larvas, cupins e outros pequenos invertebrados, ajudando a controlar pragas naturais.
  • Esse papel é essencial para evitar desequilíbrios ecológicos e o excesso de certos insetos no ambiente.

Fonte de alimento para outros animais

  • Elas fazem parte da cadeia alimentar, servindo de alimento para aves, serpentes, mamíferos e outros predadores, garantindo o equilíbrio da biodiversidade.

Indicadores ambientais

  • Como vivem no solo e são sensíveis a mudanças ambientais, sua presença pode ser um indicador da qualidade do solo e do ambiente.
  • A redução das populações pode indicar desequilíbrios ecológicos, como desmatamento e poluição.

Mesmo sendo inofensivas, as cobras-cegas são muitas vezes mortas por medo ou desconhecimento. Proteger esses animais é essencial para manter a saúde do solo e o equilíbrio ecológico.

Conhecimento Educação Ambiental

A base do preconceito está diretamente relacionada ao conhecimento que se tem sobre determinada situação ou sobre espécies que, muitas vezes, são rotuladas como perigosas. O que quebra essa relação é justamente o conhecimento, que transforma o preconceito de algo banal para algo realmente perigoso para qualquer ser vivo. A nossa cobra-cega, ou cobra-de-duas-cabeças, por exemplo, é inofensiva e sequer é uma serpente. Com uma educação ambiental bem estruturada nas escolas, muitos desses preconceitos já teriam sido superados. Contudo, apesar de ainda existirem pessoas que temem e matam muitos exemplares desses animais, também há aqueles que os salvam ao informar e corrigir os erros de comportamento de quem insiste em atacar o desconhecido, apenas julgando-o pela aparência, cor ou formato.