Quem nunca teve um gato ou cão e, ao fazer carinho no pet, de repente se deparou com um parasita parecido com uma pequena bola com pernas? Esses são os famosos carrapatos, parasitas externos que pertencem à subclasse Acari, dentro da classe Arachnida.
Existem quase 900 espécies de carrapatos descritas no mundo, das quais cerca de 67 podem ser encontradas no Brasil. Esses parasitas são hematófagos, ou seja, alimentam-se do sangue de mamíferos, aves e, em alguns casos, até de répteis e anfíbios.O nome “carrapato” pode ter origem em variações regionais ou linguísticas do português, usadas para designar esses parasitas.

Características
Dentre as características gerais desses animais, podemos citar a presença de exoesqueleto quitinoso (esqueleto externo). Como outros aracnídeos, os carrapatos não possuem asas. Apresentam quatro pares de pernas, ausência de antenas, presença de quelíceras e pedipalpos. Nesses animais, as quelíceras são lisas e adaptadas a cortar a pele e, junto aos pedipalpos, formam uma estrutura chamada de capítulo. Assim como outros aracnídeos, carrapatos possuem corpo dividido em cefalotórax e abdome, entretanto nesses animais essas duas porções estão completamente fundidas.
As glândulas salivares produzem substâncias anticoagulantes, anestésicas e imunossupressoras, permitindo que o carrapato se alimente sem ser detectado facilmente pelo hospedeiro.
Nos carrapatos duros, machos e fêmeas podem ser diferenciados pelo tamanho e extensão do escudo dorsal. Nos machos, o escudo cobre quase todo o idiossoma.
Nas fêmeas, o escudo cobre apenas uma parte, permitindo a expansão do abdômen durante a alimentação. Essa estrutura altamente adaptada faz dos carrapatos parasitas eficientes e resistentes em diversos ambientes.
Qual os meles que podem trazer aos animais

Os carrapatos (ou “carapatos”) podem causar diversos problemas de saúde tanto em animais. Eles são vetores de várias doenças graves e podem provocar reações diretas devido à sua mordida. A seguir estão os principais males associados aos carrapatos:
- Babesiose canina: conhecida como “piroplasmose”, causada por protozoários (Babesia canis). Afeta principalmente cães, levando a febre, anemia e problemas renais.
- Erliquiose canina: causada por Ehrlichia canis. Afeta cães e pode causar febre, anemia, apatia e, em casos crônicos, levar à morte.
- Anaplasmose: uma infecção bacteriana que atinge células sanguíneas e pode afetar animais domésticos e selvagens.
- Paralisia por carrapatos: causada por toxinas liberadas pela saliva de algumas espécies, pode provocar fraqueza progressiva e até morte, especialmente em filhotes de cães.
As mordidas também são problemáticas e causam reações;
· Reações alérgicas: a saliva do carrapato pode desencadear irritação, coceira intensa, inchaço ou até alergias graves.
· Infecções locais: a mordida pode deixar feridas que se infectam, favorecendo o desenvolvimento de abscessos.
· Anemia: infestações severas podem levar à perda significativa de sangue, causando anemia em animais.
Como se prevenir os carrapatos
A prevenção contra os carrapatos é importante para os animais domésticos, especialmente cães e gatos, pois esses parasitas podem transmitir doenças graves, como a febre maculosa e a babesiose. Aqui estão algumas medidas preventivas eficazes:
Para Animais Domésticos
- Uso de produtos específicos: Utilize coleiras antiparasitárias,, sprays ou comprimidos recomendados por veterinários. Estes produtos ajudam a repelir ou eliminar carrapatos.
- Inspeção frequente: Verifique o pelo e a pele dos seus animais regularmente, principalmente após passeios em áreas de vegetação ou gramados.
- Manutenção do ambiente: Limpe e desinfete frequentemente o espaço onde os animais vivem, incluindo camas e brinquedos.
No Ambiente
- Manter o jardim limpo: Corte regularmente a grama, remova folhas secas e evite acúmulo de entulhos, onde carrapatos podem se esconder.
- Uso de produtos específicos para o ambiente: Aplicar produtos carrapaticidas no quintal ou áreas externas, seguindo as orientações do fabricante.
- Controle de animais silvestres e hospedeiros: Evite o acesso de roedores ou animais silvestres ao seu quintal, pois eles podem trazer carrapatos.
Perigosos também para os humanos
A febre maculosa é uma doença infecciosa grave causada por bactérias do gênero Rickettsia, sendo a mais comum no Brasil a Rickettsia rickettsii. Essa bactéria é transmitida principalmente pela picada de carrapatos infectados, como o carrapato-estrela (Amblyomma sculptum ou Amblyomma cajennense). A transmissão ocorre pela picada de carrapatos infectados. É necessário que o carrapato permaneça fixado na pele por algumas horas para transmitir a bactéria. Período de Incubação geralmente entre 2 e 14 dias após a picada do carrapato.
Regiões Endêmicas no Brasil: Predomina em áreas rurais, próximas a matas e rios. Estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo têm maior incidência.Os sintomas iniciais da febre maculosa podem ser inespecíficos, dificultando o diagnóstico precoce. Entre os principais sinais estão: Febre alta com início súbito e persistente. Dor de cabeça intensa geralmente acompanhada de sensibilidade à luz, Dores no corpo e nas articulações e náuseas, vômitos e mal-estar geral. Em certas regiões é necessário tomar alguns cuidados:
- Proteção ao caminhar em áreas de risco:
- Use roupas claras para facilitar a identificação de carrapatos.
- Prefira calças e camisas de mangas compridas.
- Insira as barras da calça dentro das meias ou botas.
- Repelentes: Aplique repelentes específicos na pele e nas roupas, preferencialmente com DEET ou Icaridina, seguindo as instruções do produto.
- Inspeção após atividades externas: Verifique o corpo após caminhadas em áreas arborizadas ou gramadas, especialmente atrás das orelhas, pescoço, axilas e virilhas.
Relação das capivaras e o carrapato-estrela

A relação entre capivarase o carrapato-estrela é um importante tema de saúde pública, especialmente porque as capivaras são hospedeiros primários do carrapato, e este, por sua vez, é o principal vetor da bactéria Rickettsia rickettsii.
As capivaras vivem em áreas de vegetação e beira de rios, ambientes propícios para a proliferação do carrapato-estrela. Elas são excelentes hospedeiros devido à quantidade de tempo que passam em áreas infestadas e ao grande número de indivíduos em suas colônias. As capivaras podem transportar carrapatos por grandes distâncias, facilitando a expansão desses parasitas para novas áreas, incluindo locais próximos a áreas urbanas.O carrapato-estrela passa por três fases (larva, ninfa e adulto) e necessita de um hospedeiro em cada fase. A capivara é um hospedeiro ideal para todas as fases do ciclo.

Considerações
Controlebiológico: Em alguns lugares, estuda-se o uso de predadores naturais de carrapatos para controlar sua população, mas a convivência com capivaras em ambientes urbanos permanece um desafio. Educação ambiental: É essencial conscientizar a população sobre o papel das capivaras na cadeia ecológica e os riscos relacionados à febre maculosa. A convivência entre humanos e capivaras pode ser segura desde que haja o manejo adequado do ambiente e o controle da população de carrapatos.