O Plástico: Desafios e Soluções para um Futuro Sustentável

Dos saquinhos de pipoca aos potes de sorvete e das sacolas plásticas de supermercado, quase tudo hoje em dia contém algum componente plástico. Do teclado do computador aos materiais hospitalares, o plástico está presente em praticamente todos os aspectos da vida moderna. É inegável que os produtos plásticos são necessários e viabilizaram uma série de utensílios que usamos atualmente. Sua utilidade é indiscutivelmente importante para a população de qualquer país.

No Brasil, são produzidas aproximadamente 13 milhões de toneladas de plástico por ano, o que gera empregos e facilita a vida das pessoas em seus hábitos diários. Imagine, por exemplo, ir ao supermercado e não ter uma sacola plástica para embalar suas compras.

Até aqui, parece que os produtos feitos de plástico não representam um grande problema. No entanto, nos últimos anos, o plástico se tornou um dos maiores vilões do meio ambiente. Seu impacto negativo abrange desde a poluição dos oceanos até os desafios relacionados à reciclagem e ao descarte inadequado.

De onde vem o plástico.

O plástico é produzido a partir de matérias-primas, principalmente derivados do petróleo e do gás natural, por meio de processos químicos. A maioria dos plásticos é fabricada a partir de hidrocarbonetos. Esses compostos são extraídos do subsolo e refinados para separar os elementos necessários, como o etano e o propano.

O  petróleo bruto é aquecido para separar suas frações. O craqueamento é uma etapa química que quebra moléculas maiores, como o etano ou nafta, em moléculas menores, como o etileno e o propileno, que são os principais monômeros usados na fabricação de plásticos.

Os monômeros (como etileno e propileno) são submetidos a um processo químico chamado polimerização, no qual as moléculas menores se unem para formar longas cadeias moleculares, chamadas polímeros. O tipo de polímero formado depende do monômero utilizado e das condições do processo. Por exemplo:

  • Polietileno (PE): produzido a partir do etileno, é usado em sacolas plásticas e garrafas.
  • Polipropileno (PP): produzido a partir do propileno, é usado em embalagens e peças automotivas.
  • Poliestireno (PS): usado em copos descartáveis e embalagens de alimentos.

Os polímeros obtidos são misturados com aditivos, como estabilizantes, corantes e plastificantes, para melhorar suas propriedades e torná-los adequados para diferentes usos. Existem dois grandes grupos de plásticos:

  1. Termoplásticos: podem ser derretidos e reformados várias vezes (ex.: polietileno e PVC).
  2. Termofixos: endurecem permanentemente após moldados, não podendo ser reciclados por fusão (ex.: resinas epóxi).

A versatilidade do plástico vem da possibilidade de criar materiais com características diferentes para atender a inúmeras aplicações. Contudo, essa mesma versatilidade apresenta desafios ambientais devido à dificuldade de decomposição e ao descarte inadequado.

Desafios para o meio ambiente

Das 13 milhos de toneladas, aproximadamente, produzidas no Brasil cerca de 7,7 milhões de toneladas são destinadas a aterros sanitários, enquanto 2,4 milhões de toneladas acabam sendo descartadas em céu aberto, sem tratamento adequado, o que gera impactos negativos no solo, na água e na fauna. O país enfrenta desafios significativos na reciclagem, com apenas cerca de 10% desse total sendo reaproveitado em novos processos industriais.

 A sacola não tem culpa

Muito já se discutiu sobre os impactos dos plásticos em todos os ecossistemas, especialmente no ambiente marinho. No entanto, como sacolas, recipientes de medicamentos e potes de margarina são objetos inanimados, surge a pergunta: quem, de fato, é o responsável por esses problemas?

A grande comoção em torno do uso das famosas sacolas plásticas de supermercados tem fundamento. Milhões delas acabam obstruindo esgotos e, ao se decompor, prejudicam o solo e contaminam rios, agravando a crise ambiental.

Como mencionado anteriormente, os materiais plásticos são inanimados e, obviamente, não têm a capacidade de escolher para onde vão, seja para o esgoto ou para os oceanos. Na maioria das vezes, eles são descartados de forma inadequada por nós, seres humanos, que muitas vezes carecemos de conscientização sobre os graves problemas que até mesmo uma simples garrafa PET pode causar ao ecossistema.

Impactos ambientais

Esse é só um exemplo de quanto tempo alguns produtos feitos de plástico podem ser duradouros em nosso meio ambiente. Uma garrafa PET (polietileno tereftalato) pode levar entre 400 e 500 anos para se decompor no ambiente, dependendo das condições em que está exposta. Este longo tempo de degradação ocorre devido à sua resistência e à complexidade de sua estrutura química, que dificulta a ação de microrganismos.

Levaria quase o tempo da descoberta do Brasil até os dias persentes. Alguns fatores contribuem para o tempo de decomposição:

Exposição ao sol (fotodegradação): A luz ultravioleta acelera o processo de fragmentação da garrafa em pedaços menores (microplásticos), mas esses fragmentos continuam no ambiente por muito tempo.

Condições climáticas: Ambientes úmidos ou secos podem influenciar na fragmentação do material.

Presença de oxigênio: Locais com maior oxigenação podem acelerar a quebra inicial, mas a decomposição completa ainda é extremamente lenta.

Um dos problemas que hoje preocupam os estudiosos sobre o meio ambiente é a disseminação do microplástico. Os microplásticos são gerados de diversas formas e podem ser classificados como primários ou secundários, dependendo de sua origem:

Microplásticos Primários

São pequenas partículas de plástico fabricadas intencionalmente, com menos de 5 mm de diâmetro. Exemplos incluem:

  • Pequenas partículas em produtos de higiene pessoal: Como esfoliantes em cremes, pastas de dentes e sabonetes.
  • Pellets industriais (nurdles): Grânulos usados como matéria-prima na fabricação de plásticos.
  • Fibras sintéticas: Liberadas durante a lavagem de roupas feitas de materiais como poliéster e nylon.

Microplásticos Secundários

São fragmentos de plásticos maiores que se degradam com o tempo devido à ação de fatores ambientais. Eles são gerados pela:

  • Degradação de plásticos maiores: Sacolas, garrafas, redes de pesca e outros objetos plásticos descartados no meio ambiente se fragmentam em pedaços menores devido à exposição à luz solar, vento, abrasão e outros fatores.
  • Desgaste de pneus: A abrasão dos pneus durante a condução libera partículas plásticas na estrada, que acabam sendo levadas para o solo e cursos d’água.
  • Fragmentação de tintas e revestimentos: Plásticos presentes em tintas usadas em navios, prédios ou sinalizações podem se desprender em pequenas partículas.
  • Queima parcial de plásticos: Resíduos plásticos queimados de forma inadequada podem liberar fragmentos microplásticos no solo e no ar.

Os microplásticos são difíceis de remover do meio ambiente e acabam entrando na cadeia alimentar. Já foram registrados peixes e outros animais marinhos apresento dentro dos seus estômagos microplásticos. além de gerar o um problema de saúde paras a fauna marinha, os impactos diretos do microplástico na saúde humana ainda estejam sendo amplamente estudados, existem preocupações crescentes sobre os possíveis problemas de saúde que podem surgir devido à exposição contínua a essas partículas.

Devido à sua durabilidade, é essencial reciclar garrafas quase todo o plástico e buscar alternativas reutilizáveis para minimizar seu impacto no meio ambiente. O plástico tem impactos ambientais significativos em diversas áreas do meio ambiente. Aqui estão os principais impactos:

Poluição dos Ecossistemas

  • Terrestres: Plásticos descartados indevidamente se acumulam no solo, prejudicando a saúde dos ecossistemas terrestres e dificultando o crescimento de plantas.

Aquáticos: Grande parte dos resíduos plásticos acaba nos oceanos, rios e lagos. Cerca de 8 milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos anualmente, formando ilhas de plástico, como a Grande Mancha de Lixo do Pacífico

Emissão de Gases de Efeito Estufa

  • Produção e queima: A fabricação de plástico utiliza combustíveis fósseis, emitindo grandes quantidades de gases de efeito estufa. A queima de resíduos plásticos libera ainda mais carbono na atmosfera, agravando as mudanças climáticas.

Contaminação Química

  • Plásticos liberam substâncias químicas tóxicas, como ftalatos e bisfenol A (BPA), que podem contaminar o solo e a água, afetando a saúde de organismos vivos.

Reciclagem e Educação Ambiental é a solução.

A maneira mais eficaz de reduzir a presença de plástico no meio ambiente é conscientizar a população sobre o impacto das sacolas plásticas, que não se degradam naturalmente. Quando descartadas de forma inadequada, essas sacolas contribuem para a poluição de ruas, rios e oceanos.

Uma das principais estratégias para combater esse problema é investir em educação ambiental desde os primeiros anos escolares. Ensinar crianças e jovens sobre a importância da separação correta de resíduos, especialmente plásticos, é fundamental para melhorar a coleta seletiva e facilitar o processo de reciclagem.

Além disso, o poder público e as empresas podem desempenhar um papel crucial nesse esforço. Com investimentos adequados em infraestrutura de coleta seletiva e programas de conscientização, seria possível ampliar significativamente a quantidade de resíduos reciclados.

A educação doméstica também é essencial: cada família deve compreender a importância de separar os materiais recicláveis e utilizar pontos de coleta seletiva disponíveis em suas comunidades. Esses materiais, quando corretamente direcionados para empresas especializadas, podem ser transformados em novos produtos, gerando benefícios econômicos e ambientais.