
De onde vem o medo
O que o Sr. Steven Spielberg provavelmente não poderia prever com seu filme Tubarão (1975) era o impacto que a obra teria ao alimentar o medo dos tubarões. Essa fobia, conhecida como selacofobia, é bastante comum e frequentemente exacerbada por retratações sensacionalistas em filmes e por notícias que destacam ataques de tubarões.
Embora esse medo esteja amplamente difundido, ele é, na maioria das vezes, desproporcional ao risco real que os tubarões representam. Esses animais são predadores importantes para o equilíbrio dos ecossistemas marinhos e raramente representam uma ameaça significativa para os seres humanos.
Algumas características
Os tubarões são peixes cartilaginosos pertencentes à classe Chondrichthyes e à subclasse Elasmobranchii, o que os diferencia de peixes ósseos. Eles possuem características únicas que os tornaram predadores eficazes e adaptados ao ambiente marinho ao longo de mais de 400 milhões de anos de evolução.
Esqueleto cartilaginoso:
O esqueleto dos tubarões é feito de cartilagem, um material mais leve e flexível que os ossos. Isso os torna mais ágeis e eficientes na água.
Corpo hidrodinâmico:
Têm corpo fusiforme (em forma de torpedo), ideal para nadar rapidamente e com eficiência.
Pele áspera:
A pele dos tubarões é coberta por escamas placoides (ou dentículos dérmicos), que reduzem o atrito com a água e oferecem proteção contra predadores e abrasões.
Dentes renováveis:
Os dentes dos tubarões são dispostos em várias fileiras e se renovam constantemente ao longo da vida. Quando um dente cai, outro se move para o lugar.
Tamanho variado:
Existem espécies pequenas, como o tubarão-lanterna-anão (cerca de 20 cm), até gigantes como o tubarão-baleia, que pode ultrapassar 12 metros de comprimento.
Quais espécies são mais temidas
Atualmente, existem cerca de 520 espécies de tubarões descritas pela ciência. Eles pertencem e estão divididos em várias ordens dentro da subclasse Essas espécies variam amplamente em tamanho, forma, comportamento e habitat. Dentro das mais temidas estão:
Tubarão-branco (Carcharodon carcharias)
- Por que é temido?
É a espécie mais associada a ataques fatais a humanos. Pode atingir até 6 metros de comprimento e é conhecido por sua força, velocidade e comportamento exploratório (mordendo objetos ou presas para investigá-los). - Habitat: Águas temperadas e costeiras ao redor do mundo.
Tubarão-tigre (Galeocerdo cuvier)
- Por que é temido?
Conhecido como “lata de lixo do mar”, é um predador oportunista que consome uma grande variedade de itens, incluindo lixo humano. É responsável por um número significativo de ataques a nadadores e surfistas. - Habitat: Águas tropicais e subtropicais.
Tubarão-cabeça-chata (Carcharhinus leucas)
- Por que é temido?
Habita tanto águas salgadas quanto doces, entrando em rios e lagos. Sua proximidade a áreas frequentadas por humanos aumenta a probabilidade de encontros. Tem comportamento agressivo e territorial. - Habitat: Águas quentes e costeiras, além de rios e estuários.
Tubarão-de-pontas-negras-do-recife (Carcharhinus melanopterus)
- Por que é temido?
Embora raramente cause ferimentos graves, pode reagir agressivamente quando se sente encurralado, especialmente em águas rasas perto de recifes. - Habitat: Águas tropicais, especialmente próximas a recifes de coral.
Tubarão-mako (Isurus oxyrinchus)
- Por que é temido?
É o tubarão mais rápido do mundo, atingindo velocidades de até 74 km/h. É poderoso e conhecido por saltar fora da água quando fisgado, tornando-o uma ameaça para pescadores. - Habitat: Águas oceânicas temperadas e tropicais.

Porque essas espécies sofrem preconceito
Já existe um número bastante considerado de acidentes com tubarões no mundo todo. Só no ano de 2023 foram 69 acidentes e entre esse ano e o 2022 foram dez casos fatais.
Na verdade, muitos desses casos poderiam ser evitados e outros são apenas considerações dos acasos. Quem fica foram da água nunca seria atacado por um tubarão, mas quem gosta de nada ou pratica algum esporte aquático aumentam as chances de encontros com esses animais incríveis.
A falta de com conhecimento e a imprudência de alguns levaram a casos fatais que só aumentaram o medo e o preconceito sobre a espécie. Filmes e noticias sensacionalistas descrevem o animal como o grande vilão dos mares e isso cria uma mística e áurea de pânico e desinformação.
A princípio os mares e oceanos pertencem a todas as espécies incluindo golfinho, orcas e peixes de variadas formas e tamanho e também dos tubarões. Em Recife capital do estado de Pernambuco, já foram registrados muitos casos de acidentes nas praias da região metropolitana. De 1992 a 2023 já ocorreram 70 casos confirmados com um percentual de 25% a 30% resultando em morte.
Em uma série desses casos poderiam ser evitados apenas olhando as placas indicado perigo de ataques ou simplesmente não entrando na água em determinados horários.

Horários de Maior Risco
Muitos tubarões são mais ativos nesses períodos, aproveitando a baixa luminosidade para caçar. A visibilidade reduzida dificulta a identificação de presas ou objetos pelos tubarões, aumentando a probabilidade de um ataque acidental.
Algumas espécies, como os tubarões-tigre, são mais ativos durante a noite, quando estão caçando. Nadar no escuro aumenta os riscos, pois a visibilidade para os humanos e tubarões é limitada. Abaixo algumas condições que aumentam o risco:
- Águas turvas: A má visibilidade pode fazer com que os tubarões confundam humanos com presas.
- Movimento intenso de cardumes: Os tubarões podem ser atraídos por áreas com alta atividade de peixes.
- Após chuvas: As chuvas podem arrastar restos de animais e alimentos para o mar, atraindo tubarões.
- Próximo a pesca ou áreas de descarte de peixe: A presença de iscas e restos no mar pode atrair tubarões.
Qual a função do tubarão no ecossistema
Os tubarões desempenham um papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas marinhos. Como predadores de topo na cadeia alimentar, eles regulam populações de outras espécies e mantêm a saúde dos oceanos.Ao se alimentarem de indivíduos mais fracos, doentes ou velhos, promovem populações saudáveis e geneticamente robustas. Eles regulam o comportamento de outras espécies. Por exemplo, a presença de tubarões pode evitar que herbívoros (como peixes e tartarugas) sobrepastoreiem áreas específicas, preservando habitats como recifes de coral e pradarias marinhas.
Algumas espécies de tubarões migram grandes distâncias, conectando diferentes partes do oceano e transportando nutrientes entre ecossistemas, como manguezais, recifes e áreas de mar aberto. Ao controlar espécies dominantes, os tubarões criam espaço para outras espécies prosperarem, promovendo a biodiversidade em seus habitats. Como predadores de topo, os tubarões refletem a saúde geral dos ecossistemas marinhos. Uma redução em suas populações pode indicar problemas maiores, como sobrepesca ou degradação ambiental.

O conhecimento e a educação ambiental
Os tubarões são essenciais para a estabilidade dos ecossistemas marinhos. Sua redução populacional, frequentemente causada pela pesca predatória e pela destruição de habitats, pode desencadear efeitos negativos em cascata, afetando todo o oceano e, consequentemente, os seres humanos.
Um exemplo relevante é a frequência de ataques registrados em Pernambuco, possivelmente relacionados à construção do Porto de Suape e a alterações nas correntes marítimas. Esses fatores podem ter contribuído para mudanças no comportamento dos tubarões na região.
É fundamental ter conhecimento e respeito por esses animais únicos, que desempenham um papel crucial nos oceanos. Infelizmente, os tubarões já foram caçados indiscriminadamente, e ainda há pessoas que defendem sua eliminação, ignorando sua importância ecológica.
Para prevenir acidentes, é essencial observar as placas de aviso, seguir as regras de segurança e evitar comportamentos imprudentes ao frequentar praias ou nadar no mar. Agindo com responsabilidade, é possível conviver de forma mais segura com esses incríveis predadores marinhos.